Foi uma viagem tranqüila e repleta de alegria , porque ia ter a oportunidade de visitar os lugares sagrados, onde o SENHOR passou, relembrar aqueles momentos inesquecíveis que estavam gravados indelevelmente no interior de seu coração. Uma oportunidade singular e especial, porque ia voltar a um passado que não estava muito distante. Lembrava-se que tinha sido perdoado pela infinita misericórdia Divina, apesar de ter cravado a sua Lança no flanco direito do SENHOR Crucificado, para ver se ELE estava vivo ou morto. Recordava-se, que havia suplicado a cura daquela enorme ferida aberta no seu peito, por ocasião da guerra na Alexandria, e o SENHOR, paternalmente o curou e restituiu-lhe a saúde. Lembrava ainda, que o SENHOR misericordiosamente curou os seus olhos para que ele pudesse cumprir com dignidade a missão de sua existência. Também, estava presente em seu coração, que havia pedido s JESUS a oportunidade de reencontrar Juliana, e ELE carinhosamente atendeu a sua solicitação. Por tudo isso, sentia necessidade em mostrar a sua gratidão, de revelar publicamente que a Verdade Cristã tinha criado raízes em sua alma, que sem o SENHOR a sua vida não tinha sentido e assim, o seu reconhecimento era uma manifestação natural e clara de seu espírito convertido. Era na verdade, uma demonstração sincera de um puríssimo e honesto amor a DEUS.

Desse modo, imbuído de santos ideais, chegou a Judéia e foi procurar o amigo Yossef, não só para contar-lhe as novidades, mas também para agradecer-lhe mais uma vez pela sua inestimável e eficaz caridade em servi-lo.

Esteve também com o oficial Cornélius no Comando da Guarda Pretoriana, a quem agradeceu pela atenção e preciosa amizade, no momento mais difícil de sua vida. Depois de contar-lhe as novidades, cuidou da transferência de seu soldo para a Licaônia.

No dia seguinte, quis "matar a saudade" de Jerusalém... Caminhou sozinho pela cidade, sem rumo certo. Queria percorrer aqueles mesmos caminhos trilhados pelo SENHOR ... Alguma coisa muito forte em seu íntimo o convidava a proceder assim e decidiu começar pela "Via Crucis", onde o Redentor sofreu crueldades, amargurou terríveis aflições e carregou a sua Cruz na qual morreu crucificado. Tomou a direção do Gólgota, triste, com o coração repleto de pesar, contemplou aquele cenário, agora sem as cruzes, coberto de vegetação e espinhos silvestres. Abaixou, recolheu um pouco de terra e colocou numa sacolinha de pano, guardando-a no bolso. Passou pelo Jardim das Oliveiras, que era o lugar preferido pelo SENHOR, onde ELE permanecia horas em orações, numa conversa íntima com o SANTO PAI. (Lc 22,39-40) Ainda no Horto, num local mais aberto, descortinava uma ampla visão da cidade. Parou e assumindo uma atitude de interiorização, elevou os braços aos Céus e pronunciou uma contrita oração de agradecimento:

" Obrigado MEU DEUS por tudo que o SENHOR me proporcionou e tenha compaixão de mim, perdoe os meus muitos pecados e desacertos na vida, as minhas fraquezas e incompreensões, a falta de paciência, meu orgulho excessivo e minha vaidade pessoal. Perdão SENHOR, porque quero corrigir-me e jamais desejo ofendê-LO. Quero perseverar no cumprimento dos Mandamentos para senti-LO mais próximo de mim, primordialmente porque hoje compreendo e sinto que o SENHOR faz parte integrante de minha vida. Muito obrigado pela proteção e todas as graças que ornou a minha existência. Receba minha maior e mais fervorosa gratidão com minha solene e sincera confissão de eterna fidelidade".

Depois retornou a cidade.

Encontrou-se com Lísias, que conheceu na casa de Yossef. Foi sem dúvida um casual e coincidente encontro, mas repleto de alegria e satisfação. Conversaram bastante e atualizaram as novidades.

Lísias passava por ali em direção a casa de José de Arimatéia, aonde junto com outras pessoas, iam rezar diante do Sudário, o tecido de linho branco que envolveu o Corpo de JESUS, quando O colocaram no Sepulcro. O tecido era guardado com muito zelo e devoção. Nele está impressa a imagem de Corpo inteiro do SENHOR, frente e costas, feita com o próprio Sangue Divino misteriosamente decalcado no linho branco.

Longino aceitou o convite e para lá caminharam.

Na casa de Arimatéia já se encontravam o Apóstolo Judas Tadeu e mais quatro pessoas, que auxiliavam na Comunidade Cristã de Jerusalém.

Juntos rezaram diante da Mortalha Sagrada e depois ouviram uma empolgante narrativa de Judas Tadeu sobre as conversões na Galiléia. O Apóstolo sobretudo realçou de modo evidente a presença atuante do ESPÍRITO SANTO, que estava operando verdadeiras maravilhas nas Comunidades Cristãs. (Ao lado imagem do Santo Sudário de CRISTO, que se encontra em Turim, na Itália).

Ao se despedirem, o Centurião saiu em companhia de Judas Tadeu e conversaram muito enquanto caminhavam. Longino falou do trabalho de Paulo de Tarso e do milagre que presenciou em Listra. Destacou também, com a necessária ênfase o seu desastrado gesto cravando a sua Lança no Coração de JESUS Crucificado, e depois, o seu sincero e profundo arrependimento, assim como, as preciosas graças que o SENHOR misericordiosamente concedeu-lhe. E revelou contritamente:

" Abri o Coração de JESUS arrancando Sangue e Água para ver se ELE ainda estava vivo. ELE agradeceu e retribuiu. Sim, numa ferida aberta em meu peito pela espada de um herege, antes de fechá-la, o SENHOR colocou o arrependimento, a piedade e um imenso amor que lavaram e purificaram a minha existência. Confesso-lhe prezado Apóstolo, que hoje o meu coração é verdadeiramente cristão. Todavia ainda falta alguma coisa, porque sinto que só alcançarei uma completa paz interior, no dia em que JESUS proporcionar-me uma graça muito especial, de poder derramar minhas lágrimas de arrependimento aos pés de Sua Santa MÃE, aquela mulher maravilhosa que humildemente trouxe o SENHOR para nós. Sobre Ela ouvi admiráveis referências, mas jamais tive a oportunidade de vê-la e conhecê-la, para pedir-lhe que coloque a paz em meu pobre coração e me perdoe o pecado da lança que jamais me esquecerei".

E caminhando sempre, chegaram defronte uma pequena casa, onde morava o Apóstolo João. Tadeu tocou três vezes um pequeno sino e aguardou. Quando o Centurião fazia menção de se despedir, atenderam a porta. Era uma linda senhora... Trajava um vestido branco com um manto azul celeste nos ombros e um véu de tecido também branco, cobrindo a cabeça. O pouco dos cabelos visíveis, mostravam que eram castanhos escuros e caíam normalmente sobre os ombros. O rosto bem contornado, com pele clara e os olhos azuis, compunham uma fisionomia encantadora, envolvida por traços delicados e repletos de imensa suavidade. Embora mantivesse o semblante sério, o seu olhar exalava candura, pureza e bondade, compondo uma expressão serena em sua face, que infundia uma maravilhosa paz.

Tadeu apresentou:

- "É Maria, MÃE de JESUS"...

Longino tremeu ... Sua admiração foi tão profunda que não conseguiu controlar a grandeza da emoção que inundou completamente a sua alma! Num impulso espontâneo e com imensa submissão, prostrou-se respeitosamente com os joelhos no chão para saudar Aquela Encantadora Mulher, MÃE DO SENHOR. E não conseguindo controlar a grandeza de seu júbilo, ainda de joelhos, cobriu o rosto com as duas mãos e chorou copiosamente um humilde pranto de amor, de súplica e de alegria... Maria delicadamente abriu a porta enquanto o Apóstolo Tadeu abraçando o Centurião, o conduziu para dentro. Depois de alguns minutos em silêncio na sala, Longino contou a sua história, o longo caminho que percorreu até a sua conversão, realçando sobretudo, a indizível e impressionante dimensão do amor de JESUS, a sua desmedida Bondade e sua infinita misericórdia. E completou dizendo:

- "Hoje realizo um grande desejo em minha vida! É um momento lindo e muito esperado que supliquei ao SENHOR me concedesse esta graça. E JESUS mais uma vez, misericordiosamente ouviu minha súplica e proporcionou-me todas as alegrias e emoções desse instante. Confesso que me sinto exuberantemente feliz. Por tudo que vivi nos últimos anos, os ensinamentos do SENHOR e as graças que recebi, este momento sublime completa o meu júbilo interior, porque inundou de felicidade o resto de minha existência. Lá bem distante, em nossa Comunidade de Listra, mostrarei a minha eterna gratidão, dando testemunho do SENHOR e não deixando passar nenhuma oportunidade de provar com a força de meu espírito, a Bondade e a Misericórdia infinita do CRIADOR, albergadas na imensidão do Coração Divino, onde é gerado e tem origem o imenso Amor de DEUS por cada um de seus filhos. Por isso, Senhora, para sentir-me completamente feliz e plenamente realizado, necessito de um precioso favor: que a Senhora também perdoe a minha grave ofensa contra Jesus Crucificado".

- "Longino, JESUS já lhe concedeu o perdão. Siga a sua vida em paz e continue a dar o seu belo exemplo de cristão, onde estiver, para que DEUS seja mais conhecido e amado por todos, e o Amor Divino que generosamente não cessa de derramar graças sobre a humanidade de todas as gerações, seja cada vez mais dilatado e alcance um maior número de corações, a fim de que haja paz nas famílias e as pessoas sejam de fato, aqueles filhos que o SENHOR gostaria que cada um fosse."

Longino com o coração repleto de humildade e cheio de amor, ajoelhou reverentemente diante da MÃE DE DEUS, curvou a cabeça em direção ao solo e falou: "Obrigado Senhora, reze por mim".

O Centurião partiu transbordando de felicidade. Nunca imaginou que poderia sentir em sua vida emoções tão fortes.

Deliciando aqueles momentos, caminhava pelas ruas como uma criança feliz, sorrindo e com passadas largas, como se quisesse dar pequenos saltos de alegria, com o pensamento repleto de lindas e preciosas recordações, repassava em sua mente aquela lembrança inesquecível.

Viajou para Listra e dias após a sua chegada, casou-se com Juliana.

Assumiu as responsabilidades do cultivo da uva e produção de vinho. Aperfeiçoou a técnica de produção, conseguindo um produto mais saboroso e de excelente qualidade, que não demorou a adquirir fama por toda a redondeza.

Aos domingos, o casal em companhia da sogra, freqüentavam a Comunidade Cristã local, quando também participavam da Santa Missa e ajudavam aos menos favorecidos, aqueles que necessitavam de algum tipo de apoio ou colaboração.

É provável que Longino tenha levado "A Lança da Paixão" para Listra, porque ela foi o instrumento usado por DEUS para a sua cura física e espiritual, e também, porque representava um testemunho eloqüente da Paixão de NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, que poderia ser mostrado aos fieis nos encontros religiosos, objetivando despertar a espiritualidade em todos os corações.

Longino se dedicou com entusiasmo na difusão do cristianismo. Procurava visitar todas as cidades e lugarejos, principalmente onde existiam pessoas que não queriam aceitar a doutrina cristã e principalmente a Ressurreição de JESUS. Falava com entusiasmo e testemunhava a infinita bondade e misericórdia do SENHOR. Foi preso e cruelmente martirizado na Capadócia, próximo a Avanos, na Turquia atual, região também chamada de Anatólia.

Ainda relacionado com a Vida de Longino, apresentamos a seguir alguns fatos interessantes.
Como se recorda, foi na Igreja da cidade de Lanciano na Itália, dedicada a São Longino, que aconteceu o primeiro milagre eucarístico que se tem notícia, aproximadamente no ano 700 de nossa era. Um sacerdote com a fé enfraquecida, duvidava da presença Real de JESUS na Sagrada Eucaristia e no Vinho Consagrado. Certo dia em que celebrava a Santa Missa sem muita convicção, no momento da Consagração, diante do espanto dele e das pessoas que participavam da cerimônia, a Hóstia se transformou "na Carne e no Sangue do SENHOR JESUS." Um milagre extraordinário e surpreendente! O SENHOR se manifestou para provar a sua presença Real na Hóstia e no Vinho Consagrados e desse modo, acender e tornar fervorosa a fé daquele sacerdote e daqueles que duvidam do Milagre Eucarístico que acontece na Santa Missa. Como testemunho do Milagre de Lanciano, o Milagre (a Hóstia transformada em Carne e o Vinho transformado em Sangue), foi colocado num Ostensório especial, numa Capela construída na mesma Igreja, e se encontra a visitação pública.

No Museu do Vaticano, encontra-se uma Lança, que segundo a tradição, é a mesma que Longino cravou no Coração de JESUS Crucificado.

Na Basílica de São Pedro, ainda no Vaticano, há uma Capela dedicada a São Longino, e da mesma forma, em Jerusalém, na Basílica do Santo Sepulcro, existe uma Capela dedicada ao Centurião romano.

Estes fatos confirmam o arrependimento de Longino e sua admirável conversão, a existência de uma vida revestida de profunda santidade, devotada ao CRIADOR, como testemunho de seu sincero amor a DEUS, e também, o oficial e tácito reconhecimento da Igreja.

A fotografia à direita - É a imagem de Longino na Capela da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Observe que ele empunha uma lança com a mão direita e o braço esquerdo está aberto. Este fato vem confirmar uma lenda, segundo a qual, no combate contra os turcos ele foi ferido gravemente, e foi afastado da Legião dos Centuriões com uma imensa ferida no peito, mas não teve o braço esquerdo amputado.

FIM

Próxima Página

Página Anterior

Retorna ao Índice